21 maio 2008



you know how us, Catholic girls, can be. we make up for so much time (a little too late). I never forgot it, confusing as it was: "no fun with no guilt feelings" [the sinners, the saviors, the loverless priests - I'll see you next Sunday]

we all had our reasons to be there, we all had a thing or two to learn.
we all needed something to cling to.
so we did

[I sang Alleluia in the choir. I confessed my darkest deeds to an envious man. my brothers, they never went blind for what they did -but I may as well have]



in the name of the Father, the Skeptic and the Son, I had one more stupid question

what I learned, I rejected, "but I believe again", I will suffer the consequence of this inquisition (If I jump in this fountain, will I be forgiven?)


we all had delusions in our head, we all had our minds made up for us. we had to belive in something.
so we did




11 maio 2008

antônio ou de tudo que eu não conheço



aquele velho amigo doer deu lugar a um outro. um outro que ainda não conheço o nome, mas que está aqui há tempos, eu sei. aquele velho doer despediu-se rápido e grande em intensidade e em agonia, mas já passou. ventou apenas, como tudo e sempre.
esse doer novo não me é amigo, ainda, mas não tenho medo algum de conhecê-lo. é cria minha, e conhecê-lo seria assim como olhar no espelho. o vejo todos os dias, nos sonhos, no vidro, na rua. esse doer novo me parece mais calmo e mais sensato, embora forte como não tinha ainda visto. parece, também, que esse doer sabe mais de mim que eu jamais soube, e me protege. ele tem uma finalidade, posso sentir; portanto, momentâneo.

poderia chamá-lo doer-de-mudar, mas não sei falar com propriedade de uma mudança que está por vir - mudanças são instáveis e guardam remorso. poderia chamá-lo doer novo, mas são tantos novos e sempre mais que perderia a conta estalando os dedos. poderia chamá-lo doer forte, mas seria preciso testá-lo antes, e não posso seguir assim, com um doer desnomeado, um doer que não posso chamar quando preciso, um doer desconhecido de tudo. decido, então, por Antônio.


meu doer novo tem um nome.


01 maio 2008

Sobre a agonia de ser quem é


No fundo, é tudo sobre essa coisa — essa coisa sem-nome, esse monstro interior, que me come por dentro, dilacerando cada parte de mim que tenta tão desesperadamente se identificar. Esse sentimento constante que aparece aos poucos, e cada vez mais forte. Que me faz pensar e pensar e pensar, mas me impede de decidir a direção. A correnteza que me leva é intensa e forte e não poderia jamais duvidar sua existência. Ela não tem rosto. São só mãos, e dedos, e o tremor das pernas. E só.


Escrever passa a ser, então, o cano de escape por onde corre toda a dor. Um cano sem saída, sem desembocar, um cano em circuito, com joelheiras fracas, e vez ou outra vaza tudo, e demoro dias e dias no reparo, um reparo que é sem cuidado, sem vontade, um reparo que agoniza junto comigo e com tudo que guardo aqui. O mistério, então, se perde, e de repente acabo por ficar cada vez mais clara, mais rasa. Menos honesta.




A poesia dá lugar a palavras fáceis, que não dóem a mais ninguém a não ser eu. Escrever para os outros vira o escrever pra mim, e num paradoxo sem certezas as palavras superficializam a agonia, e tudo acaba em uma verdade sem graça, uma verdade comum. Que o mundo não passa de uma verdade comum. Que a verdade não passa de um oásis em miragem, que não existe. O deus ao qual nos agarramos pra poder fechar os olhos. Os olhos que a minha correnteza não possui.



Como as mil classes que deixei passar, como os quadros da minha infância, os peixinhos em forma de oito, as cores contrastadas. As fotografias que eu não mostrei pra ninguém. O espetáculo que eu trouxe ao dia a dia, mas não ao palco.

Metáforas são armaduras para quem não pode afirmar nada.



E em determinada esquina, me transformo em algo que não leva ao fim nem a xícara de café. Que, antes que ela termine, me explodem mais mil vontades, pesadas, pesadas, impossíveis de carregar. Um câncer. Um apodrecer que toma tudo em volta, aos poucos, e eu posso assistir ao desespero de mim mesma com as mãos atadas, uma corda que está lá sem existir. As pernas, então, tremem. As mãos apontam mais direções do que essa dimensão permite, mas não há uma cara para a qual eu possa olhar enquanto a mando tomar no cu.



Escrever passa a ser sentir tudo em dobro. Reviver cada sentimento. Artaud. Baudelaire. Goethe. Estar aqui passa a ser Adriana. Amar em canção a tudo que agoniza, assim como eu. Mas a agonia não está no coração, na sede, no desejo. A agonia está no amarelo pálido da parede, um amarelo que eu odeio, mas não vai se tornar vermelho até que eu o pinte. E pintar essa parede não é — a corda que não existe.



Levanto os olhos, finalmente. Existe um vão tão grande entre a janela e aquele mundo que há lá fora, um mundo pequeno, é possível segurá-lo. Dentro dele, mil faces, mil amores, mil artes diferentes, todas palpáveis, possíveis, mundanas. Dentro do mundo, eu, Adriana, cordas e mais cordas, e facas e fósforos, parados, em pó, à espera.



Engolir as dores dos outros, dores transformadas em páginas — assim como as minhas, cada uma de minhas dores são mil, três mil letras, que descansam exaustas em um espaço que não existe, não posso tocar. Minhas dores então já não são minhas, são de ninguém — e trazer companhia à coisa sem-nome, conforto ao desesperar, mas não traz direção a correnteza alguma. Ao invés disso, aumenta o volume, arranja outro desembocar (não o meu, o dos outros em mim). Que me dá vontade de estapear a cara que não existe, chacoalhar seus cabelos, para que pare. Estapeio o que não existe. Percebo, sem nenhuma emoção nova: não vai parar.

Maiúsculo

do Lat. maiusculu, dim. de maiore
adj.,
diz-se de certos caracteres alfabéticos, de tipo especial e maiores dimensões, que se usam como inicial de período ou de nomes próprios.

maiúsculas para quê? a palavra é sempre (não confundir com constante). quero a chance de poder seguir sem condenar o passado a um período com fim. ponto final é pra respirar. letras maiúsculas, pra começar outra coisa, deixar a anterior pra trás. e por quê usar a mais alta justo no começo? quero a chance de manter a minha letra mais alta pronta, junto comigo. sempre.

 

© 2009foi por descuido | by TNB