Encontrei em um about bonito um trechinho de um texto de Clarice. Ignoro o acaso, responsável pela coincidência entre o about e o trecho, e contenho-me em transcrevê-lo aqui - pra que não seja mais um texto bonito a se esquecer.
[ Nessa mesma noite, (Lóri) gaguejara uma prece para o Deus e para si mesma: alivia minha alma, faze com que eu sinta que tua mão está dada à minha, faze com que eu sinta que a morte não existe porque na verdade já estamos na eternidade, faze com que eu sinta que amar é não morrer, que a entrega de si mesmo não significa a morte e sim a vida, faze com que eu sinta uma alegria modesta e diária, faze com que eu não te indague de mais, porque a resposta seria tão misteriosa quanto a pergunta, faze com que eu receba o mundo sem medo, pois para esse mundo incompreensível nós fomos criados e nós mesmos também incompreensíveis, então é que há uma conexão entre esse mistério do mundo e o nosso, mas essa conexão não é clara para nós enquanto quisermos entendê-la, abençoa-me para que eu viva com alegria o pão que como, o sono que durmo, faze com que eu tenha caridade e paciência comigo mesma, amém.
De repente Lóri não suportou mais e telefonou para Ulisses:
- Que é que faço, é de noite e estou viva. Estar viva está me matando aos poucos, e eu estou toda alerta no escuro.
Houve uma pausa, ela chegou a pensar que Ulisses não ouvira. Então ele disse com voz calma e apaziguante:
- Aguente. ]
Do Livro Dos Prazeres, que li há tempos mas não lembrava o quão bonitinho era.
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4 comentários:
prazer que nada.
Clarice, Clarice...
dei de presente de natal para minha mãe. ela nem leu, acredita?!
enfim, já entrou pra lista dos próximos-que-vou-ler.
Iasa, querida... Saudades...
Passei aqui pra avisar que voltei com o meu blog pessoal (http://re-ra.blogspot.com)... Espero que você não se importe com eu ter feito um link pra cá...
Abraço!
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