18 julho 2007


a agonia constante de um passado que ainda não passou é como câmera lenta. você tem vontade de esticar os braços, abrir a janela, andar um passo ou dois, mas não consegue, não é tempo. a lentidão se transforma em densidade e piscar os olhos passa a ser uma tarefa doente, impossível. um passado que não morreu é o câncer da disposição; tudo se torna difícil e vagaroso, adoecendo, correndo riscos. o que se espera de um presente que não começou? um presente que não dói mas não acalma, que paralisa, mas nem isso. é um roer de unhas, é o pó de uma mesa que estará pra sempre empoeirada, ou pelo menos pelos próximos dois dias, mas o tempo não importa - e tudo o que importa é o tempo.

são caixas recheadas de coisas que não podem ser jogadas fora, mas não podem ser vistas, ou se fere o coração. um portão entreaberto, ninguém entra e ninguém sai, um estado de letargia promíscuo, que não decide, não toma parte, não permite qualquer coisa.

sinto que corri por um tempo muito longo, mas não sei por quanto tempo e nem qual era a direção.

no dia em que aquela árvore da rua fagundes varela perdeu uma flor o tempo passava em corredeiras.

3 comentários:

Anônimo disse...

eu sei que vou te amar...
por toda a minha vida...
...a cada despedida.
...desesperadamente.

carla cursino disse...

Como é bom ler seus textos, Flor!

Não sei o que se passa aí. Acho que nem me cabe saber. Mas há um quê de verdadeiro tão grande em suas palavras...Fazia um tempo que eu queria te dizer isso.

Saudades.
Beijo, querida!

Elisa disse...

Quando eu morava em Ponta Grossa, morava na Rua Fagundes Varela.

 

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