28 setembro 2007


Me trago pra dentro de mim: já não me sou. Que desejaria com todas as fracas forças do meu útero pálido que não tivesses transado com mais ninguém que não fosse eu. As bordas daquela conversa foram cortantes e serviram pra tudo que os caninos puderam almejar, menos pro teu maior impulso - reconquistar meus lábios como os virgens que imaginavas. Não, nem tão virgens assim, e a notícia te foi sangrenta que espirrou do lado de cá, e tive nojo. Meu coração transborda, e não é de doçura como fora em outros tempos - agora grito, e o grito agudo é o que te serve de dor mais forte, e as pontadas que te ofereço com cortejo não terão respeito pelo teu próximo motel barato. Entenda que o amor que mantinha aqui, sagrado, e bonito, e seguro, tornou-se profano e eu já não me dou com essas coisas. Nem mais minha carne te é servida, nem mais tua carne pode te salvar. Se me trago toda pra dentro é porque não posso me expulsar mais do que já fiz; o mundo é hostil e você sabe (maldito seja o momento em que largaste mão de proteger meu lado doce, que era um doce raro, tu sabes bem, mas já não existe, que tudo que corta deixa marcas, e tua lâmina flácida saiu com furor mas sem certezas e acabou por destruir as nuvens que suspenso te mantinham) mas os espinhos de minhas flores hão de fazer um bom trabalho. Não penses jamais que tudo virou pedra, porque se tem uma regra que meu coração sabe de cor é que é preciso sair por aí amando todo mundo. São só as todas coisas que minha boca urgia em te mostrar (mostrar, porque de palavras não há nada) que correram porta afora e só deus sabe quem lhes conseguirá botar rédeas.





Com carinho,

2 comentários:

amanda audi disse...

iasa, vc escreve bem demais!

carla cursino disse...

bola pra frente, flor!

 

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