04 outubro 2007



Quando acordei, chegava em meu travesseiro uma doce-leve parte do sol - ai de mim quando esqueço de fechar bem as cortinas vermelhas. O tempo que passava e eu não sabia me fez calma, e lembrei com saudade de quando me dei conta que o que me deixava feliz era desenhar um ponto de interrogação bonito. Acho que foi no dia que faltou luz que pensei que de nada vale uma pessoa ler todos os livros do mundo que alguém algum dia disse que eram bons e deixar de viver suas próprias linhas. Fiz um chá enquanto Daniel lavava a louça e me dizia que Goethe precisa ser lido várias vezes e em várias traduções. Às vezes tenho vontade de ser Werther, mas às vezes quero ser Charlotte, e é aí que as janelas embaçam e eu fico sem ver o jardim. Daniel continuou me explicando que Morrison estava em uma fazenda no Texas e que re-escreveu The End cinquenta e duas vezes, mas não vai mostrar para ninguém. Eu só penso que seria bom gastar todo o dinheiro do mundo em uma tarde, e à noite ficar sem nada e ter de vender as roupas para comprar café. Choveu na última terça, mas foi bom por causa da seca.

2 comentários:

carla cursino disse...

Toda vez que venho aqui me lembro de Clarice e de Caio.

Anônimo disse...

Eu também lembro do Caio.

 

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