11 agosto 2009
0300
quanto barulho na noite dos insatisfeitos. os carros acelerados, os aviões, os pequenos estralos vindos de fora, a prova audível das coisas que se movimentam no contraste cínico e incolor entre a euforia obediente e qualquer coisa que não sejas tu mesmo. pensamento inevitável a procura por aquilo que falta, e o saldo bruto do que já passou sussurrando leve que contra o algo de ausente não há de haver guerra, mesmo embora o argumento não dure mais de três segundos.
0314
parece coerente ao ás a capacidade de ganhar ou de perder de todas as demais cartas do baralho
0457
"um estômago que trabalha em falso acorda cedo",
"um estômago que trabalha em falso acorda cedo",
"um estômago que trabalha em falso acorda cedo",
"um estômago que trabalha em falso acorda cedo",
0728
uma balança deve ser suficiente para a mesura de todo tipo de índices e, ainda que nada mais que isso, tornar óbvias as diferenças: números (datas valores quantidades casas decimais) pesam muito mais que uma ou mil ausências [ausência: subst f. [aw'zẽsjɐ] exiguidade, falta, escassez, pouquidade]
1153
em toda casa onde há janelas de vidro há agora (ou ainda antes) uma parte trincada sem que pedras viessem para trincar. ou galhos ou pequenos acidentes envolvendo pés de cabra. não caberia ao vidro transparecer tão fielmente a vida que tenta entrar; ou ainda há a parte para que não se esqueça dele [o vidro] a presença.
1410
regras de civilidade: oi, olá, boa tarde, como vai, como está seu dia, como andam as crianças, e aquele assunto, resolveu?, e aí, hoje há sol, precisamos combinar alguma coisa, aparece lá em casa, traga mulher e filhos.
2042
há algo de perecível nos pratos de qualquer balança e se permite dizer parece ser o algo errado
2337
a possibilidade de tornar, em acréscimo às funções básicas primordiais (comer sozinho escovar os dentes discernir o lado certo da camiseta amarrar os cadarços se eu tinha três laranjas e joãozinho comeu duas quantas me sobrou?), fazer nota de todas as palavras lidas e frases ouvidas ao longo de um dia inteiro e, junto ao copo de leite que traz o sono dissolvido, contabilizar e agregar cada núcleo em, no máximo, três categorias a serem definidas particular e impulsivamente. ao fim de cinquenta anos, dissertar sobre o porquê do segundo advérbio ser lido, quase sempre, com sentidos de revés.
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