02 setembro 2008





tenho uma hora e dezenove minutos pra viver tudo o que tem aqui


fome, um zunido leve na memória, aquela preguicinha gostosa de acordar sem pressa, prestar atenção no som que vem do outro lado da janela, a luz que vem do outro lado da janela, a estação que vem do outro lado da janela, mas que ainda não entrou. uma ou outra coisa que mexe quando meu sobrinho dá risada ou faz uma descoberta nova lá na sala, porque o mundo já havia acordado um pouco antes, um nervosismo sem remédio quando penso em coração, a ansiedade do fim de semana que amanhã bate aqui, a vontade de enumerar todas todas as vontades pra que nenhuma se perca, porque é isso que fazemos quando não temos nada a fazer, enumeramos vontades e sonhos e ânsias, que são tão nossos, tão nossos, talvez a única coisa que realmente nos pertença e só a nós, e depois abrir espaço pra uma melancolia breve e fina, a melancolia de estar aqui, de ser essa rotina agradável mas viciosa, vira e mexe queremos mudar mas as portas não alcançam. sentir o corpo acordar, esperando mais um dia daqueles que compõe, mesmo sem saber, uma solidez que passa batido mas que está lá. pulsando.


pulsar.



depois, viver o mundo.

3 comentários:

Elisa disse...

Ah, quando eu fico sem nada pra fazer, eu ligo a televisão, hahaha. :*

Manuela disse...

esses nossos pertences, essa nossa melancolia e esse pulsar do mundo. ah iaiá...

madá disse...

talvez porque você não esteja tudo lateja.

 

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