07 novembro 2006


"Quando olhares, Dominique, pela janela afora, lembrai de Túlio; jamais alguém chorou tão belamente em uma despedida simples e noturna. Confesso, querida, que uma ponta de tristeza chegou a tocar meu coração. Pois não sabes, então? Logo depois que partiste, Túlio agarrou-se às cordas abandonadas e derramou tantas lágrimas que construiu seu oceano próprio, quem sabe com o intuito de que ele competisse com o teu. Ninguém notou, só eu, que me escondi atrás da ponte. Depois ainda, o pobre foi ao bar: bebeu uma, duas, três doses iguais. Como não tivesse dinheiro, foi jogado fora brutalmente (e ao que vejo, não pela primeira vez). Gritou, danço, beijou uma ou duas putas do cais, tatuou no peito a letra D. Proferiu palavrões, impropérios, ofendeu a mãe e o irmão, as estrelas, o mundo. Sentou-se com os pés na água e para ela compôs uma poesia: uma breve sequência de palavras violentas e cruas, rasgando-as, incendiando-as, amando-as. Foi quando as palavras se tornaram Túlio, e Túlio se tornou palavras, e gestos, e gritos, e água. E foi assim que a noite terminou para Túlio: no fundo das palavras, dos gestos, dos gritos, da água. "

3 comentários:

Anônimo disse...

é o pesar de quem ama.
o amor é e sempre vai ser traiçoeiro.




...

Flávia disse...

:/

Anônimo disse...

Laura foi melhor

 

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