we all had our reasons to be there, we all had a thing or two to learn. we all needed something to cling to.
so we did
we all had delusions in our head, we all had our minds made up for us. we had to belive in something.
so we did
Escrever passa a ser, então, o cano de escape por onde corre toda a dor. Um cano sem saída, sem desembocar, um cano em circuito, com joelheiras fracas, e vez ou outra vaza tudo, e demoro dias e dias no reparo, um reparo que é sem cuidado, sem vontade, um reparo que agoniza junto comigo e com tudo que guardo aqui. O mistério, então, se perde, e de repente acabo por ficar cada vez mais clara, mais rasa. Menos honesta.
A poesia dá lugar a palavras fáceis, que não dóem a mais ninguém a não ser eu. Escrever para os outros vira o escrever pra mim, e num paradoxo sem certezas as palavras superficializam a agonia, e tudo acaba em uma verdade sem graça, uma verdade comum. Que o mundo não passa de uma verdade comum. Que a verdade não passa de um oásis em miragem, que não existe. O deus ao qual nos agarramos pra poder fechar os olhos. Os olhos que a minha correnteza não possui.
Como as mil classes que deixei passar, como os quadros da minha infância, os peixinhos em forma de oito, as cores contrastadas. As fotografias que eu não mostrei pra ninguém. O espetáculo que eu trouxe ao dia a dia, mas não ao palco.
Metáforas são armaduras para quem não pode afirmar nada.
E em determinada esquina, me transformo em algo que não leva ao fim nem a xícara de café. Que, antes que ela termine, me explodem mais mil vontades, pesadas, pesadas, impossíveis de carregar. Um câncer. Um apodrecer que toma tudo em volta, aos poucos, e eu posso assistir ao desespero de mim mesma com as mãos atadas, uma corda que está lá sem existir. As pernas, então, tremem. As mãos apontam mais direções do que essa dimensão permite, mas não há uma cara para a qual eu possa olhar enquanto a mando tomar no cu.
Escrever passa a ser sentir tudo
Levanto os olhos, finalmente. Existe um vão tão grande entre a janela e aquele mundo que há lá fora, um mundo pequeno, é possível segurá-lo. Dentro dele, mil faces, mil amores, mil artes diferentes, todas palpáveis, possíveis, mundanas. Dentro do mundo, eu, Adriana, cordas e mais cordas, e facas e fósforos, parados, em pó, à espera.
Engolir as dores dos outros, dores transformadas em páginas — assim como as minhas, cada uma de minhas dores são mil, três mil letras, que descansam exaustas em um espaço que não existe, não posso tocar. Minhas dores então já não são minhas, são de ninguém — e trazer companhia à coisa sem-nome, conforto ao desesperar, mas não traz direção a correnteza alguma. Ao invés disso, aumenta o volume, arranja outro desembocar (não o meu, o dos outros em mim). Que me dá vontade de estapear a cara que não existe, chacoalhar seus cabelos, para que pare. Estapeio o que não existe. Percebo, sem nenhuma emoção nova: não vai parar.
Maiúsculo
do Lat. maiusculu, dim. de maiore
adj.,
diz-se de certos caracteres alfabéticos, de tipo especial e maiores dimensões, que se usam como inicial de período ou de nomes próprios.
maiúsculas para quê? a palavra é sempre (não confundir com constante). quero a chance de poder seguir sem condenar o passado a um período com fim. ponto final é pra respirar. letras maiúsculas, pra começar outra coisa, deixar a anterior pra trás. e por quê usar a mais alta justo no começo? quero a chance de manter a minha letra mais alta pronta, junto comigo. sempre.
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