11 maio 2008

antônio ou de tudo que eu não conheço



aquele velho amigo doer deu lugar a um outro. um outro que ainda não conheço o nome, mas que está aqui há tempos, eu sei. aquele velho doer despediu-se rápido e grande em intensidade e em agonia, mas já passou. ventou apenas, como tudo e sempre.
esse doer novo não me é amigo, ainda, mas não tenho medo algum de conhecê-lo. é cria minha, e conhecê-lo seria assim como olhar no espelho. o vejo todos os dias, nos sonhos, no vidro, na rua. esse doer novo me parece mais calmo e mais sensato, embora forte como não tinha ainda visto. parece, também, que esse doer sabe mais de mim que eu jamais soube, e me protege. ele tem uma finalidade, posso sentir; portanto, momentâneo.

poderia chamá-lo doer-de-mudar, mas não sei falar com propriedade de uma mudança que está por vir - mudanças são instáveis e guardam remorso. poderia chamá-lo doer novo, mas são tantos novos e sempre mais que perderia a conta estalando os dedos. poderia chamá-lo doer forte, mas seria preciso testá-lo antes, e não posso seguir assim, com um doer desnomeado, um doer que não posso chamar quando preciso, um doer desconhecido de tudo. decido, então, por Antônio.


meu doer novo tem um nome.


1 comentários:

Elisa disse...

Porra, Iasa. Que foda, hein?!

 

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