08 março 2009

enluar

quando a vodka já não é suficiente, o céu escuro obriga a pensar. uma dose seca, quente, ácida, seria mais funcional - mas se há agum momento em que a mente decide no que é que há de se pensar, esse momento é aquele dos pequenos pontos de luz, do vento frio, de quando boa parte da gente que é normal é recolhida à cama, adormecida, confortada depois de uns dias que têm durado tantas horas, e só quem sobra é aquela outra gente, que vive da noite, que vive aos pedaços, aquela gente da insônia, das luzes baixas, do vinho e do jazz, ou do cinzeiro-sambinha-e-cerveja, apenas.
quando a vodka já não é suficiente, é preciso aquele pensar que vai por onde quer: é certo, quase sempre caminhos já conhecidos, mas com um pouco de sorte se apega a algum atalho ou trilha bruta e de repente o todo se dispersa onde é possível dispersar. dali, de um dos poucos lugares onde o previsível é errôneo e as cores têm cheiro de pólvora, dali bem sabe que ninguém escapa imune, não é tempo de chão, não há virgens eternos.
e quando o tempo é esse, tempo de ventar apenas, tempo não de vodka, mas de lua, não se adianta escrever, que nada prestará, nada fará sentido algum. obrigatório apenas apertar os olhos, procurar um foco - mas não sem antes soprar as nuvens do céu inteiro.

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