15 maio 2007


, que tu escondes assim como se ninguém tivesse visto o tempo todo o dia todo a vida inteira e então são duas horas ou melhor dois mil anos e tem toda a revolta e tem a cara de quatorze que fazes quando tentas entender alguma coisa mais complexa
, como se fosse essa tua parte que te condena e te diminui
és forte e breve e às vezes nao cabemos no mesmo espaço mesmo tempo mesma vida as coisas mudam você sabe
você vive

e quando escreves e olha que escreve muito você sabe ninguém lê são apenas letras e mais letras jogadas esquecidas abandonadas mas têm valor só ainda não perceberam
não ligue
não percebem muita coisa

mas existe e como existe aquilo retirado arrancado desprendido que te sofre e te dói mas acostumaste já com ele como de tudo se acostuma e de tudo se perde a dor e há o tempo e há o amor e ambos tens nos cabelos nas pupilas no pescoço e mesmo assim te prendes e te soltas só às vezes e às vezes da maneira mais errada e mais torta e mais cara de pau que te cabe
porque o copo não cabe
nem a vida

como se o que me doesse fosse esse teu dedo decepado




5 comentários:

madá disse...

'mas acostumaste já com ele como de tudo se acostuma e de tudo se perde a dor e há o tempo e há o amor'

é quando a gente descobre que as palavras não preenchem o vazio, mas libertam a gente da dor de só pensar e pensar e pensar.

madá disse...

e leia risíveis amores de milan kundera. é lindo.

'ela se censurava por não saber conciliar a seriedade com a leveza'

MEREGE, Dib Campos disse...

"mesmo assim te prendes e te soltas só às vezes e às vezes da maneira mais errada e mais torta e mais cara de pau que te cabe"

Nunca dá pra saber ao certo o que, quem escreve, quer realmente dizer. Só sei que isso, para mim, significou algo.
bjos

carla cursino disse...

Flor, li seu texto, fui fazer um café pensando nele. E pensei que a censura é uma droga, que a auto-censura é infinitamente pior e que estamos sempre disfarçando. Essa é a verdade: estamos sempre escondendo parte de nós. A parte que ainda não nos é muito certa. Ou até é, mas não sabemos admití-la.
Agora, ninguém consegue mentir para si próprio por muito tempo. Porque vem o amor, a dor e todos esses sentimentos que parecem nos dar um soco no estômago e nos fazem "escrever" - para o papel e para nós mesmas. E temos coragem e escrevemos. E temos coragem e lemos. E continuamos. E os erros e acertos aparecem com o tempo (sempre ele).
E tudo vale à pena por você mesma.

Concordo com quem disse para você ler Risíveis Amores.

Beijo!

Flavia S. disse...

Iasa, quando eu crescer eu quero muito ser igual você.

 

© 2009foi por descuido | by TNB