31 maio 2009


jardim das delícias terrenas - Hieronymus Bosch




Antônio morreu.
Se não morreu, partiu para o lugar onde vão parar canetas e guarda-chuvas.
Antônio, aquele doer-só que batizei, se foi esta manhã. Durou um ano e vinte dias.
Chamei seu nome, não apareceu.
Não deixou bilhete.

Ficaram as heranças de Antônio: caio, barthes, jobim.
Ficaram o olho aberto,
a cautela, o preparo,
o saber-lidar, o saber-prever,
a pequena indiferença
o good-to-go.

O chá que eu fiz se foi com ele,
o maracujá,
a insônia.

A porta, que ficou aberta, convidou
o sol.

Dinheiro, não deixou nenhum.
Nem saudade.






maldito I - A Puta


Micha Bar Am, A "hostess" in Hayarkon Street, Tel Aviv. 1969.


"Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim
por uma coisa à toa, uma noitada boa, um cinema, um botequim
(...)
mas na manhã seguinte, não conta até vinte, te afasta de mim
pois já não vales nada, és página virada
descartada do meu folhetim."

..

Sou suja e velha. Tenho, por conveniência, vinte anos, mas os olhos são feitos de mais. Mas sou bonita. Aos que pensam assim, já desminto: não é pelo sexo que eles me condenam.


Minha maldição é a honestidade. Dela, conheço mais que o cheiro, que a dor, que o arrepio. É dela que vem meu karma; é por causa dela que me cospem, que me vaiam, que cochicham ferozes quando passo. Se eu me fingisse, se mentisse, disfarçasse, não seria tão hostil. Sou infiel; mas não é por isso que me condenam. Sou infiel e não só assumo – faço questão de avisar. A honestidade é quem me amortece das pedradas. Conheci um homem certa vez. Não era bonito nem feio. Gostava de mim. Mimava meus dias com uma devoção quase cruel - dava-me perfumes, pagava-me jantares, abria a porta do carro quando me levava a lugares onde podíamos ficar à vontade. Pulsava no peito dele a paixão. No meu peito, quase sempre coberto por grandes mãos ou pêlos ou peles, pulsava a luxúria. Tantos mimos me fizeram acostumar. Numa noite, ele distante, outro homem se aproximou valente, desbravador, como se soubesse estar entrando em terreno alheio. Parecia gostar. O calafrio lânguido das coisas sujas e erradas que fazemos me agrada; sou barata. Me deixei tomar, pegar, sentir – me libertei das correntes do dia e me atei com força às da noite. Aprisionei-me por mim mesma num caminho de prazeres e prendas (e dores, dores ardidas, que forçam suspiros, que pedem gemidos, que exigem pequenos rasgos de carne, de sangue, o suor que corre o corpo todo, as mãos, os úmidos, úmidos, molhados de desejo, de vergonha, de um coração que bate forte, forte, a força das mãos que pegam e passam e puxam e rasgam e soltam e pegam de novo, e o corpo que vive sozinho, e pulsa, e pulsa, e pulsa, e pulsa, com força, sem carinho, sem cuidado, só a força o suor o gemido a entrada os olhos que fecham que apertam que choram a dor, a dor, a dor, a dor o mundo que pára que cheira que goza que vaza que vaza que vaza que vaza que vaza, e que então, acaba). A princípio, não contei ao primeiro. Deixei que continuasse a me mimar, me dizer o quanto sou bela, me acariciar os cabelos, com cara de quem sabe o que quer. Não me incomodo que seja assim. Não quero que seja diferente. Um dia enjoei, pedi que me esquecesse. Disse adeus. O homem ficou bravo, quebrou o vidro, rasgou a foto, bateu o carro. Não liguei. Assim, da mesma forma, se deu com outro, e outro, e mais outro, e uma sequência de vários, que administro como bem entendo e de acordo com o meu humor do dia. Sou egoísta. É o egoísmo que me julga, que me denuncia aos olhos dos outros, de todos os outros, das verdureiras, das mães, das meninas da feira, dos homens que compram jornal. Eles me condenam por ser assim e por gostar, por não reclamar da vida, dos homens, do pouco dinheiro, do tempo que mudou. Por me dar inteira aos prazeres e gritar bem alto quando aquilo chega intenso e dolorido, profanando a rua, a noite calma, o entardecer, o meio dia, na hora do almoço das crianças, da missa na igreja, do mendigo pedindo esmola. Me condenam por deixar claro e aberto que não há como ser diferente. Que não vou jamais ser só de um. Me condenam por ter me tornado arisca e arredia e escorregadia, e por saberem que isso tudo me favorece maravilhosamente. Me condenam por ser vadia e ainda assim bonita. Bem cuidada. Por seduzir todos sem pudor e ainda assim fazê-los sentir que são os únicos. Me condenam por mentir, por profanar, por magoar corações desavisados. Por ser vilã e mocinha, por saber como é a vida, por sentir tudo que dá. Não é pelo sexo que eles me condenam. É por ser exatamente aquilo que todo mundo quer ser, mas não diz.


Por amar, quem me condena sou eu.



(publicado originalmente em O Diazepam)

28 maio 2009

A menina na janela





Acordo cedo. Tenho meus afazeres: o café, o trabalho, as planilhas, o futebol com os amigos, as coisas da casa. Pra rua, vou às sete, e de lá não costumo ter hora pra sair. A rua é só a rua. O apartamento é claustrofóbico: quando chega dezoito sinto seus espasmos, como uma pequena e inofensiva agonia diária por sentir-se tão urbano. Fiz meu o décimo segundo andar (o 'meu' é sentido figurado; devem haver mais cinco ou seis outros e passo por todos no corredor, mas vivemos em ignorância mútua, eu e meus vizinhos. Penso se haverá cumplicidade maior que esta).

Do lado de dentro sou eu, a tevê e filmes que coleciono só para os momentos ociosos. Fiz de tudo bem equipado, nos moldes para se viver confortável. Nada me falta - a não ser todas aquelas coisas que ainda não comprei.

Dois dias por semana, chego cedo. Costumava arrumar sempre outras pequenas ocupações, pra ter (também sempre) de chegar em casa apenas para dormir. Que mais fazer, afinal? Aconteceu que dia desses, algumas semanas atrás, choveu uma chuva triste e pesada e da rua fui-me, encontrar o apartamento. Pra que não me molhasse todos os móveis (venta muito no décimo segundo), teria de fechar a janela. Foi o que fiz. Era o horário da angústia e o apartamento parecia esperar da chuva uma solução pra todo aquele sufoco.
Eu não era o único a perceber.

O prédio é de rua, mas as janelas do apartamento são para os fundos, fazendo da vista nada muito encantador. Conto outros sete prédios, cujas janelas posso acompanhar quase de perto - a sensação é de toque ao alcance das mãos. Assustadora impressão de tantas vidas encaixotadas, tão urbanas, tão banais.

Àquela chuva aproveitavam de maneiras não tão diferentes: vi alguém que lavava a louça, alguém que assistia a novela, alguém que punha as crianças pra dormir, mesmo embora ainda fossem dezenove. Havia também alguém de janelas fechadas mas luzes acesas, alguém de janelas abertas, alguém correndo para fechá-las antes que tudo submergisse. Um andar acima, alguém acendia a luz. A menina, que devia ter a idade das horas - quem sabe um pouco mais - fez o contrário do dominó: abria uma fresta dos vidros e parecia sentar. Acendeu um cigarro. Olhava o letreiro que dizia a temperatura.

Aquela luz era de cor mais escura, talvez uma lâmpada fraca. A menina alternava levar o cigarro à boca e apoiar a cabeça em uma das mãos, os dois braços seguros pelo parapeito. Não parecia se importar com o frio. O vento, que agredia só à mim, não parecia ser incômodo. A menina de alcinhas destoava dos cachecóis e casacos e cobertas que estampavam os demais espetáculos. Mas não fomos além, eu e ela: o cigarro queimou-se todo; a menina sumiu para dentro. O prédio dela não tinha espasmos.

Não sei se é esse o ritual de todo-dia. Era o dia depois quando por outro motivo cheguei cedo em casa. O céu não era escuro como no primeiro encontro. A menina estava lá. Havia um cigarro e a menina falava. Quis fechar a janela, mas não pude. A menina continuava a falar e eu quase ouvia - se as dezoito não fossem assim tão barulhentas, se esse monte de concreto não trincasse tanto. Não havia mais ninguém, também não havia um telefone. A menina falava para um pequeno aparelho, e imaginei e tomei como verdade que devia ser um gravador. Falava as deixas de uma peça de teatro, como que pra decorar. Falava coisas que não poderia esquecer no dia seguinte, ou nunca mais. Falava idéias para um trabalho futuro. Ou falava ainda outra coisa qualquer, mas o que quer que fosse que dizia, não deixaria a cena menos sedutora.
Outra vez o cigarro acabou e a menina sumiu.

Pensei se teria saído de casa, pensei se estaria sozinha, se seria sozinha, se desejava falar para qualquer coisa que ouvisse. Podia deduzir o apartamento; sabia o andar, o prédio, a porta. Não arrisquei.

Era pontual, a menina na janela. Passei a pensar que fumava apenas um cigarro por dia, só naquela janela. Só para mim. As dezenove passaram então a comportar um compromisso inadiável e inalcansável, mas nenhum dos adjetivos me desanimava. Os encontros eram sadios. O tempo de um cigarro. Embora possa parecer, a menina não seguia lógica alguma: por vezes, um cigarro e um livro, que era mais útil como apoio de mãos que como literatura; o cigarro e uma xícara que, pra mim, poderia conter tanto café quanto conhaque; o cigarro e aquele mudo ouvinte, o mais seguro e compreensivo divã que já pude perceber. Se fazia calor, poderia haver luvas. No frio, eu não estranharia a camisola. A menina na janela combinava o ameno e a surpresa.

Numa dessas noites pensei que me percebia. O olhar desviou do painel para o meu prédio. O centro nunca foi tão silencioso ou foram meus espasmos que entraram em sintonia com aqueles do edifício inteiro, porque nada se moveu por sete ou oito segundos. A menina rastreou com o olhar cada uma das janelas dos sete prédios que também via. Poderia estar buscando compreensão ou cumplicidade ou poderia apenas querer descansar. Naquele dia não haviam livros ou xícaras. O cigarro fazia par com um telefone. Naquele dia o cigarro me falou mais do que ela.

Nada mudou em meus afazeres, a companhia ainda é a tevê ou eventualmente uma ou outra moça, ignorantes da existência das vidas além da minha janela, ignorantes principalmente da vida da menina. Quando posso, tento estar ali para o espetáculo, e me dói saber que ele acontece quer eu esteja lá ou não. Meu intervalo só existe por causa dela, mas o dela é todo indiferente a mim.
A menina na janela não precisa de platéia. Não me parece tola; são grandes chances de que tenha me notado, e me põe curioso imaginar se suas atitudes são as mesmas quando não estou para assistir. Ah, devaneio, teu nome é pretensão.

A menina combina palco e escuridão.

Imagino o que faz quando some. O que vê quando olha o espelho, o que come, o que há na xícara, se o aparelho na mão não é mais que a espera. Nenhuma das respostas me atrai, nenhuma das respostas faria de algo outra coisa diferente. Assim como ela, não preciso mais do que o tempo daquele cigarro, desde que ele não falte. Desde que todos os dias. Desde que sempre às dezenove. Desde que sempre só para mim.

O prédio da menina não tinha espasmos.







20 maio 2009

se censurava por não enxergar pecado na defesa da felicidade

disse que havia um livre arbítrio impedindo seus desejos e que por isso precisou partir. algumas horas antes cecília sentava em um meio fio de gelo e tirava da bolsa um livro de george lukács, qualquer coisa sobre a estética. por quinze minutos leu compenetrada, mas teve que parar pra ver se a temperatura do yakult já havia molhado o papel de presente vermelho do pequeno pacotinho que guardava nas mãos. era difícil voltar a ler quando passavam tantos carros, tantas pessoas, todos olhando pra ela, o que é que essa menina faz sentada aí no frio a uma hora dessas, ela não tem medo, não, ah, os dias de hoje andam tão violentos. pensou que todo mundo entenderia caso viessem perguntar. por meia hora lembrou de todos os passos anteriores (havia uma carta curta, coisa pouca a se dizer, consistia em uma lista das coisas que faziam dela a menina mais legal do mundo, ou qualquer coisa. a carta foi antes da tirinha de mafalda deixada à vista, da referência a um filme do almodóvar e dos pequenos trechos de clarice e de meirelles soltos a esmo. disse que clarice porque é a medida intensa de todas as coisas e que meirelles porque é sua xará, de nome e de alma) mas o frio escondeu da memória as quase duzentas palavras coloridas (havia também passado dois dias inteiros escrevendo em papel colorido todas as palavras doces das quais podia se lembrar; tranquila, ia de coragem a tardes de sol, de viagens a pequenas surpresas, do medo ao sorvete de domingo, cortou tudo em pequenos quadradinhos e juntou em um barbante fino, cor por cor, pra que aquele tanto de coisas boas ficasse mais colorido que pesado, que era como estava seu coração. amarrou no retrovisor do carro e não pediu resposta) e o recado da última noite que era algo de desespero e aflição porque havia chegado perto o cheiro do fracasso, do pecado sem sentido, do limite que passou.

quando entrou na segunda hora já precisava cantar pra amortecer o frio e esfregava as mãos bem juntinhas, uma à outra, na tentativa de fazer parar o corpo que tremia em desafino com a vontade. tentou enganar o porteiro do prédio, que a cada quinze minutos aparecia do lado de fora, como que pra vigiar se ela continuava ali, à espera, e porque é que não esperava no saguão de entrada, então, já que está tão frio. e cada vez que ele aparecia ela se inclinava para trás de um dos carros estacionados - se fosse vista alguém poderia se zangar. brincaram de gato e rato por mais algum tempo até que o porteiro pareceu entender que a guerra já estava vencida e voltou pra dentro, conformado, não queria ele pegar também uma gripe, já tinha bastante com que se preocupar. ensaiou dois ou três diálogos, embora soubesse muito bem que as palavras sempre acham lugar seguro pra se esconder quando são procuradas, foi buscar no fundo da memória duas ou três daquelas lembranças que trazem calafrios e cantou uma ou duas músicas mais, que foi quando o relógio denunciou as duas horas e meia de espera e que o frio passou de repente porque também de repente veio do outro lado os faróis que o coração reconhecia, mas que, desavisados, passaram por cecília e cecília sentiu como se fizesse parte da noite e da escuridão.
disse que por favor, rapunzel, aparecesse na janela, e de repente oito minutos passavam escorrendo como cera de vela fria, muito mais lentos e danosos do que os outros tantos minutos, recém completados, mas pertencentes agora a um passado esquecido, amortecido, medíocre de si. resignada e mais fria que o sereno, seguiu até o porteiro (que era ao mesmo tempo cúmplice e inquisidor) e disse sem rodeios e de uma só vez que havia esperado todo esse tempo lá fora no frio mas que ele havia passado sem que a visse. pode entregar esse pacote, por favor? o porteiro não pôde evitar a pena que sentia da menina e que lhe transbordava aos olhos, mas cecília não sorriu quando ele disse que da próxima vez ela poderia esperar do lado de dentro. cecília quis dizer que a próxima vez seria da noite, do sereno, dos dentes que batiam, das pontas roxas dos dedos da mão que mal folheavam o livro, mas disse apenas que gostaria que fosse entregue ainda hoje, afinal precisa ser conservado em geladeira. mandou ainda um outro recado, talvez dois mais, que mais que claro não mereciam respostas (a relatividade que vá a merda, pensou antes de dar as costas). e respostas não mereceram até que a noite, amiga, esfriasse ainda mais.

11 maio 2009

atrás da porta

quando olhaste bem nos olhos meus
e o teu olhar era de adeus
juro que não acreditei e te estranhei
me debrucei sobre o teu corpo
e duvidei
e me arrastei e te arranhei
e me agarrei nos teus cabelos
nos teus pêlos, teu pijama
nos teus pés ao pé da cama
sem carinho, sem coberta
no tapete atrás da porta
dei pra maldizer o nosso lar
pra sujar teu nome, e te humilhar
e me vingar a qualquer preço
te adorando pelo avesso
pra mostrar que ainda sou tua

02 maio 2009

as pessoas correndo no parque, dá pra ver da janela escancarada. é o sábado acontecendo, o sábado que precede o domingo, o domingo que precede a segunda e os dias de todos os dias, o trabalho sujo mas digno de todos os dias. o mundo acorda, vê o noticiário da manhã, existe uma epidemia perigosa de uma gripe recém desenvolvida, o mundo sente medo e usa máscaras de proteção mas ainda assim é preciso fazer o café, checar os e-mails, olhar o relógio, trancar a porta e sair. lá fora o mundo segue, a rotação é a mesma, embora mais rápida; pessoas continuam correndo no parque, pessoas indo à panificadora, pessoas apressadas para o trabalho, os ônibus de linha, o sinal fechado, os buracos na camada de ozônio, o direito de reclamar que existe mas que não é de ninguém. todas aquelas vidas acumuladas e sobrepostas em um prédio de vinte andares de paredes tão finas que escuta-se um suspiro mais alto, mas grossas o suficiente pra que as batidas do coração não sejam aptas a transpassar. e há o tempo de trabalhar, o tempo dos afazeres, das obrigações, a fila dos bancos, o correio; há os vinte minutos de almoço, os quais parecem passar tão mais rápido que o resto da vida inteira, e logo estão lá, novamente, atrás das mesas, ocupando a cabeça com ofícios sem poesia, o tédio disfarçado, o desespero contido a cada nova pilha de papéis, não há tempo de reclamar, não há o direito de reclamar, e logo já são 18h e com o trânsito, o escape para a raiva que ainda existe mas que ninguém sabe o que é, e com a porta vem a pintura necessária, que nunca vi tanto cupim, meu deus, e fazer a comida, e ver na tevê novidades da gripe, da crise, da vida triste mas feliz das celebridades, checar se os filhos estão inteiros, se seus pequenos corpos sobreviveram a mais um dia de aquecimento global, botar as coisas em ordem, organizar a gaveta de contas, e quando o pensamento encontra no travesseiro o reduto fiel e seguro para se levar a vida a sério e pensar sobre o amor e as vontades e a paz procurada e o a realização e o pulsar, o diabinho do lado esquerdo sussurra: amanhã levantar às 6h, é preciso deixar o carro na mecânica, pagar o consórcio, comprar uma extensão para o microondas, e a lista interminável traz a fadiga também do pensamento, enfraquecido de tentar todos os dias por um feixe de tempo de se fazer ver, e todos dormem, escurecidos, escangalhados, medíocres de tudo, mas ainda acima de tudo, inocentes.

essência

pensei ter perdido a minha em algum lugar da américa e então me achei aqui, nos arquivos desse lugar, em pensamentos de anos atrás.
ainda que hoje menos ingênuos, menos cinzentos, mais completos.

eu ainda me sou

d às avessas

marcelo amava maria que sentia vergonha e não falava. maria tinha medo e fugiu. marcelo seguiu silencioso, maria se apaixonou por joaquim. joaquim de apaixonou por maria. joaquim fugiu, maria enfraqueceu, foi ver marcelo, que dizia palavras doces mas tinha rabinho de diabo pobre. maria chorou e foi dar com pedro que sorria bonito mas não achou suficiente. marcelo ia e voltava e dizia as mesmas palavras doces. acabou que marcelo era vesgo, joaquim burro e maria diabética. pedro não tinha defeitos mas tinha um tique de mexer a orelha que dava vontade de morrer.
 

© 2009foi por descuido | by TNB