20 julho 2009

assisto ao tempo nas pétala das gérberas. empalideceram dois tons durante a última semana - foi uma semana cheia de doces ausências. a cidade mudara de cinza para suaves tons róseas. não pude assistir mas não lamento, apenas sorvo a harmonia das passagens inexatas. dias atrás assisti a uma peça que dizia que a maior paz é aquela conquistada dentro do próprio furacão, penso então que a minha busca é a estabilidade no movimento e que não caberia em mim a calmaria de marés inertes. poucas vezes se passaram tantas coisas tão opostas pela minha mente como ontem, ao amanhecer, e tive certeza de que caminhava pela minha própria órbita, independente dos cruzamentos possíveis a ela. ela estaria sempre ali, e eu sobre ela, na estética da ordem das coisas que devem ser. acredito que o mais perdido dos homens possui significado em sua existência, quer tente descobrir ou não. que o vento não tem nada a ver com isso, que há os nós desatados e nenhuma corrente ao chão, que existe a senhoria de si desde o copo até a morte, não há quem me faça crer, ela disse uma vez que há o cosmo cuja essência cobre todas as dimensões e acreditei sem perguntar. a tarde desce devagar e parece ser feita da mesma matéria de que consiste a saudade, e nada mais pesa a não ser o imenso peso do hoje, fatal e inevitável, e real como quase nada mais.

1 comentários:

Anônimo disse...

por favor diga aqui algo às pétalas que jamais murcharão, seu furor veio como uma lâmina no peito e sangrou, se diz não a quem te queira sentencie aqui em letras garrafais. liberte um prisioneiro da jaula chamada confusão e ele desaparecerá de teus olhos ou tornará tudo mais colorido.

e menos dolorido.

 

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