05 julho 2009


me faço eu própria em água, e em mim mergulho. penso no inteiro que é ser água e então estou em casa, confortável e calma, na tranquilidade que breve sobrepõe a tormenta. exercito os pensamentos na delícia de me conhecer, mas ainda doce e breve não há obrigação em me encontrar. hoje não sou inteira, hoje quero ser múltipla, diluída e camuflada no mar em que passeio. entre eu e a água, nada: o esforço da mudez e a palidez dos desencontros. mostraste-me ontem uma imagem que me fez sentir como são leves as coisas, e como escorrem, embora menos do que eu. quis dizer algo que soasse colorido para preencher teus espaços e lembrei que nenhuma cor há de preencher se for sozinha. acontece que hoje não há cor nenhuma, o mundo é translúcido e posso ver pelas entranhas de toda e qualquer coisa, e o desejo de conhecer me põe tão ocupada em mim que quando vejo é escuro e o sol já se pôs. um dia longo, um dos dias de uma sequência finita e doce, que deve preceder algo bom, posso sentir - enquanto isso calo, calo e vou, apenas, sem respirar. para conhecer meu limite nessas águas, para fazer-me toda fluir, para tornar-me outra coisa, só por hoje. e então, há pequenos ocos de luz que passeiam ao meu redor, pequenos leves sinais delineados na superfície. sob meus pés, a imensidão.

0 comentários:

 

© 2009foi por descuido | by TNB